Pedro Casqueiro

Estes dois painéis de azulejos ornamentam a passagem subterrânea da Praça do Venturoso.
Trata-se de um espaço de passagem, aberto, um sítio que tende para a fuga e de certa forma um antimuro. É uma obra para ver com o olhar em movimento.

Pedro Casqueiro nasceu em Lisboa, em 1959, onde frequentou a Escola Superior de Belas-Artes.
Realizou a sua primeira exposição individual em 1981, com apenas 21 anos. Desde então tem vindo expor regularmente.

Apesar de ter recebido as influências internacionais dos anos 80 e 90, juntamente com os restantes autores portugueses da sua geração, Pedro Casqueiro optou sempre pelo caminho de uma arte pessoal e original “O que me interessa pessoalmente é ter liberdade – que passa por uma demarcação social e estética - de fazer o que quero sem ser constrangido de nenhuma forma.”, afirmou em entrevista ao Jornal Expresso em 1985.

Desde a sua 1ª exposição que a sua obra reflecte a capacidade de trabalhar cores, matérias, formas e espaço de uma forma abstracta – mas sempre fazendo a ligação entre a sua vida e a sua obra – com a subjectividade que garante a sua universalidade.

A sua pintura provoca emoções e sensações imediatamente físicas. Numa primeira fase, albergando uma violência expressiva que foi sendo invadida por uma superfície branca -como um véu que cobre de uma forma velada as estruturas subjacentes à composição das suas imagens. Mas ao longo dos anos noventa as suas pinturas vão-se estruturando, atingindo o equilíbrio entre uma pintura "arquitectónica" e elementos mais recuados.

Em 1997, a pintura de Pedro Casqueiro adquire uma nova dimensão. Surge um luminoso espaço interior onde a dimensão da imagem sugere a ideia de um ecrã que regista um espaço cenográfico, virtual, pleno de possibilidades interactivas. Estes trabalhos, sendo pinturas, integram um modelo de visão que parece ser-lhe oposto, o da dinâmica dos jogos de vídeo.

Depois de 1997, os seus trabalhos prolongam a malha arquitectónica mas reduzindo-a novamente a uma dominante bidimensionalidade. Surge então um regresso à palavra escrita na tela e uma vertente figurativa, apesar de mais rara.

É a partir deste núcleo de pinturas onde a forma se faz palavra que Casqueiro prossegue a investigação de sinais de representação provenientes do mundo da banda desenhada como, por exemplo, fumos, explosões, sinais de movimento, sinais de choque, etc…

A sua pintura concentra-se no essencial, mas também é pensada no próprio acto de pintar – “Não é que haja um sistema; durante a feitura de um quadro vou experimentando várias justaposições, depois há uma selecção: umas funcionam, outras não, isto no sentido de que o quadro tem de ser um todo conseguido”, nas palavras de Pedro Casqueiro.